Um estudo publicado nesta segunda-feira reforça a ideia de que a amamentação não só faz bem à saúde física do bebê, como contribui também para o seu desenvolvimento intelectual. Segundo a pesquisa, feita no Hospital Infantil de Boston, nos Estados Unidos, quanto mais tempo uma criança é amamentada, melhor será, ao longo da infância, o seu desempenho em testes que avaliam aspectos da cognição — como aquisição da linguagem, por exemplo.
O trabalho, divulgado no periódico JAMA Pediatrics, foi feito com 1.312 gestantes. Após o parto, os seus bebês foram acompanhados até completarem sete anos de idade.
As crianças realizaram diferentes testes cognitivos quando tinham três e sete anos de idade — a cognição é um conjunto de processos mentais usados no pensamento, na percepção, na classificação, no reconhecimento, na memória, no juízo, na imaginação e na linguagem.
Pontuação alta — De acordo com o estudo, as crianças que foram amamentadas durante mais tempo obtiveram as maiores pontuações em um teste de vocabulário feito quando tinham três anos de idade. Elas também se saíram melhor em um teste de inteligência verbal e não verbal aos sete anos. A pesquisa mostrou que cada mês a mais de amamentação aumentou progressivamente a pontuação das crianças nesses testes.
Por exemplo, a média das crianças de três anos de idade em testes de linguagem foi de 103,7 pontos. No entanto, uma criança que foi exclusivamente amamentada por seis meses obteve, em média, três pontos a mais na nota do teste em comparação com uma criança que não havia sido amamentada.
O trabalho não encontrou, porém, relação entre a duração do aleitamento materno e melhores resultados nos testes de memória e aprendizado.
“O problema, atualmente, não é tanto que muitas mulheres não iniciam a amamentação, mas sim que a maioria não a mantém. Nos Estados Unidos, 70% das mulheres iniciam o aleitamento materno, mas, aos seis meses de vida do bebê, apenas 35% continuam amamentando”, disse Dimitri Christakis, pesquisador do Instituto de Pesquisa do Hospital da
Criança de Seattle, em um editorial que acompanhou o estudo.
Na conclusão da pesquisa, os autores afirmam que esses resultados reforçam a recomendação de que a criança seja alimentada exclusivamente com leite materno até os seis meses de vida, e que continue sendo amamentada até um ano de idade. “Nós devemos fazer o que for preciso para ajudar as mulheres a manter a decisão de amamentar”, diz Mandy Belfort, coordenadora do estudo.
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