Bolsistas do programa Ciência sem Fronteiras (CsF), que concluíram os estudos no exterior neste mês, podem perder o segundo semestre de aulas no Brasil. Isso porque a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão que administra as bolsas de estudo, não quer antecipar o retorno deles ao país. Mesmo com as aulas já finalizadas, a passagem de volta dos estudantes está marcada somente para setembro.
Pelo menos 440 estudantes estão nessa situação. O número representa 40% dos beneficiados pelo programa no Reino Unido, onde o problema ocorre.
A Capes afirma que 100 casos chegaram à instituição e "estão sendo solucionados". Mas não é isso que os estudantes relataram à reportagem. Em pelo menos dez casos, estudantes que pediram a mudança alegam que foram ignorados. Caso retornassem antes do previsto, teriam de devolver os valores recebidos.
Aluna de Engenharia Mecânica da Universidade de São Paulo, Larissa Ihara, de 23 anos, iniciou as conversas com a Capes para a alteração da data de retorno antes mesmo de embarcar para o período de estudos no Reino Unido. "Em todas as respostas, eles são intransigentes em negar", diz. "Ninguém está pedindo para voltar sem concluir as atividades. Mas não faz sentido um programa educacional prejudicar os alunos."
Depois de várias tentativas, Maurício Azevedo, de 20 anos, recebeu a última resposta negativa no início do mês. "Minhas aulas começam no Brasil em agosto, mas a volta está prevista para setembro. Mesmo que a universidade abone as faltas, não conseguirei acompanhar o curso", diz ele, aluno de engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS).
Uma das bandeiras educacionais do governo federal, o CsF tem como meta enviar 101.000 estudantes e pesquisadores ao exterior até 2015.
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