Custos dificultam mudança de estado de aprovados no Sisu

O Sistema de Seleção Unificada (Sisu) permite que os estudantes sejam aprovados em universidades de qualquer estado da federação. Assim, por exemplo, um estudante da Região Norte pode ingressar em uma universidade do Sul, e vice-versa. Mas essa mobilidade também cria um obstáculo para que alguns dos convocados efetivem suas matrículas: a dificuldade financeira para se sustentar longe de suas cidades de origem.

Para não perder a vaga, alguns desses estudantes afirmaram ao G1 que vão recorrer às moradias estudantis e buscar empregos e estágios, entre outras alternativas. Há ainda os que desistiram e vão adiar o sonho de entrar na faculdade. As matrículas dos aprovados na primeira chamada terminam nesta terça-feira (21).

Jeane Souza, de 18 anos, moradora do Amapá, passou em 1º lugar no curso de ciências biológicas na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), mas abriu mão da vaga por conta da condição financeira da família. "Entrei em consenso com meus pais para cursar uma graduação no Amapá. Espero resultado da Unifap e ainda vou tentar uma vaga no Prouni", diz, conformada.

A compra de passagens aéreas para realização da matrícula presencial obrigatória em Manaus e o custo de manter-se na capital amazonense durante a graduação foram as principais dificuldades que causaram a desistência da jovem.
"Por estudar tanto em 2013, decidi me inscrever em uma universidade federal mesmo sabendo do risco de não conseguir viajar. A minha primeira opção no Sisu seria medicina, mas acompanhei a nota de corte e vi que não era possível. Então optei pela Ufam porque seria viável ser aprovada. Foi uma realização pessoal", afirma.

Esforço e economia
Milena Gama Caetano, de 18 anos, mora em Campo Grande (MS) e foi aprovada no curso de medicina da Universidade Federal de Sergipe (UFS) pelo Sisu. Milena fez a matrícula, se prepara para mudar para Aracaju, mas vai precisar de ajuda para conseguir cobrir os gastos.

Ela disse que pagou caro na passagem aérea para garantir a matrícula. Por isso, pretendia dormir no aeroporto para evitar gastos com hospedagem. Os planos mudaram após um amigo oferecer hospedagem em sua casa.

A jovem tem visão monocular e concorreu às vagas de cota para portadores de deficiência física. Por conta disso, antes de efetivar a matrícula, ela vai ser avaliada por uma junta médica da instituição.

A estudante contou que já pesquisou os custos de moradia e alimentação no estado onde vai estudar. "Nos primeiros meses, vou ficar em um pensionato, depois pretendo me mudar para um apartamento e dividir o aluguel com algum amigo", contou Milena. Para economizar, ela vai fazer as refeições no restaurante da universidade. "O almoço custa mais ou menos R$ 1. Também vou tentar uma bolsa de iniciação científica ou de auxílio para universitários para ajudar", afirma.

Ajuda de parentes
Gerry Costa, de 22 anos, que mora em Belo Horizonte, foi aprovado no curso de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador. Na nota de corte, ele conquistou 802 pontos. Com essa pontuação, ele disse que não conseguiria passar no mesmo curso na Universidade de Minas Gerais (UFMG).

Para se manter na capital baiana, Gerry pretende contar com a ajuda de parentes e com um provável auxílio-moradia, oferecido pela UFBA. "Também penso em arrumar um emprego ou, quem sabe, um estágio na área."

Atualmente, o jovem mora com a avó, Maria da Conceição Azevedo, de 77 anos, e disse que ela se assustou quando soube que o neto vai se mudar de estado, mas entendeu que é uma chance de vida para Gerry. "Estou correndo atrás do meu sonho. Todo esforço é válido."

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