Os protestos contra o aumento da tarifa tratam de um tema que passa pela questão da velocidade do trânsito. Isso porque quanto mais devagar andam os ônibus, maior tende a ser o preço do bilhete. Nesse sentido, um estudo divulgado ontem pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) não traz boas novas: ele mostra que os veículos na capital paulista se movem cada vez mais devagar.
Entre 2008 e 2012, a velocidade média no pico da tarde - quando o rush é pior - caiu 10% na cidade.
Em 2012, o trânsito do horário da volta para casa nas vias paulistanas se desenvolveu, em média, a 18,5 km/h. Cinco anos antes, o patamar era, se não ótimo, ao menos um pouco superior, de 20,5 km/h. No mesmo período, a situação também piorou no pico da manhã, baixando de 23,3 km/h para 22,1 km/h.
As Ruas Teodoro Sampaio e Cardeal Arcoverde, em Pinheiros, na zona oeste, estão entre as piores colocadas. Elas aparecem em primeiro lugar no ranking das rotas mais lentas de São Paulo. No horário de pico da tarde, os veículos andam ali a 6,6 km/h, velocidade apenas um pouco maior do que à de uma pessoa caminhando.
Para o secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, não faltam ônibus, mas sim organização, o que reflete na velocidade. "Nós precisamos aumentar essa velocidade, sair de um patamar de 13 km/h para pelo menos acima de 20 km/h. Se a velocidade dobrar, haverá mais ônibus no viário e mais passageiros serão beneficiados." Segundo ele, os deslocamentos vagarosos ampliam gastos com combustível e mão de obra, encarecendo a passagem.
O diretor de Planejamento da CET, Tadeu Duarte Leite, afirma que a lenta expansão do metrô nas últimas décadas e o vertiginoso crescimento da frota de carros em São Paulo explicam o fenômeno da redução da velocidade média dos veículos. "Faltou investimento na manutenção da cidade", disse.
Em segundo lugar na listagem de rotas mais lentas da capital está o eixo da Estrada do M'Boi Mirim e da Avenida Guarapiranga, na zona sul, onde a velocidade no pico da tarde foi de 7,5 km/h em 2012. Em seguida, vem a rota composta pelas Avenidas Eusébio Matoso e Rebouças e pela Rua da Consolação, entre a zona oeste e o centro. A velocidade média ali foi de 8,4 km/h. Todos esses índices são no sentido bairro.
De manhã, no sentido centro, a rota mais lenta fica perto desse trecho. Trata-se da Avenida Professor Francisco Morato, na zona oeste. A via teve velocidade média de 8,8 km/h. A Estrada de Itapecerica e a Avenida João Dias vêm depois (10 km/h), seguidas pelo eixo das Avenidas Adolfo Pinheiro, Santo Amaro e São Gabriel: 10,5 km/h.
Entre 2008 e 2012, a frota da cidade aumentou 15,6%, o que corresponde a um aumento de cerca de 1 milhão de veículos emplacados. Por sua vez, a taxa de motorização de quem vive na cidade de São Paulo subiu 12,7%, pulando de 57,4 para 64,7 veículos a cada 100 habitantes.
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