Inep estuda forma de punir gracinhas em futuras redações do Enem

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) anunciou nesta quinta que estuda alterações no edital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2013. As mudanças foram sugeridas pelo presidente da autarquia, Luiz Cláudio Costa, depois que foram identificadas dissertações com referências a receita de miojo e hino de time, ambas encaradas como deboche por Costa.

Em qualquer escola com um mínimo de qualidade, os alunos dos dois casos citados seriam punidos com uma nota zero. Mas, como as regras atuais do Enem não citam nenhum tipo de punição para casos como esses, a banca corretora avaliou que, apesar do deboche, os textos traziam referências ao tema da redação - movimentos imigratórios para o Brasil no século XXI. Por isso, optou por acreditar que tais candidatos não estavam fugindo à proposta apresentada e não anulou as provas.

"As redações foram corrigidas segundo o edital. Esses estudantes não fugiram completamente ao tema e, por isso, não há motivos para anulação. Os avaliadores analisaram o que havia de bom em cada um deles", disse Luiz Cláudio Costa ao site de VEJA. "No entanto, estou convecido de que é preciso haver uma punição para quem debocha não só dos corretores, mas também dos demais candidatos que fazem a prova com seriedade", acrescentou. Segundo ele, a intenção atribuir nota zero a brincadeiras como estas já na prova deste ano.

Nesta semana, duas redações ganharam fama. A primeira delas ensinava aos corretores do Enem a receita de um macarrão instantâneo. "Para não ficar muito cansativo, vou agora ensinar a fazer um belo miojo, ferva trezentos ml’s de água em uma panela, quando estiver fervendo, coloque o miojo, espere cozinhar por três minutos, retire o miojo do fogão, misture bem e sirva (sic)", escreveu o candidato.

Em outra, o hino do Palmeiras ocupava dois parágrafos completos do texto. Um trecho dizia: "As capitais, praias e as maiores cidades são os alvos mais frequentes dos imigrantes, porque quando surge o alviverde imponente no gramado onde a luta o aguarda, sabe bem o que vem pela frente que a dureza do prélio não tarda."

Apesar das gracinhas, os dois candidatos receberam, respectivamente, 560 e 500 pontos - uma avaliação justa, segundo Costa. "O que aconteceu é que foi detectado um desvio da proposta e por conta disso, houve uma penalização severa, de cerca de 500 pontos nos dois casos." As considerações levantadas nesta quinta-feira pelo presidente do Inep serão agora levadas a uma comissão técnica, que avaliará quais serão as alterações no edital do Enem 2013.

Ortografia - Luiz Cláudio Costa comentou também os erros de ortografia identificados em textos nota 1.000. Segundo reportagem do jornal O Globo, dissertações com nota máxima traziam erros grotescos de escrita, tais como "trousse", "enchergar" e "rasoavel".

"Reitero que as redações foram corrigidas segundo o edital, que prevê que o corretor desconsidere erros escassos. Todos os candidatos em questão se mostraram capazes de construções sintáticas complexas, apresentaram boa pontuação e vocabulário rico. Por alguma razão, que pode ter sido stress ou pressa, eles cometeram um deslize."

Costa afirmou ainda que essa é uma prática comum em outros concursos. "Existem duas correntes a respeito. A primeira diz que uma redação nota máxima precisa ser impecável. A outra, é mais flexível, aceita um erro como ‘trousse’ caso seja um tropeço isolado.

A nossa postura é a de relevar. De qualquer forma, essa será uma discussão que será levada aos técnicos do Enem. Se julgarmos necessário, haverá mudanças na nossa postura."

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