O Ministério da Educação (MEC) suspendeu por medida cautelar os vestibulares das Universidade Gama Filho (UGF) e do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade). A decisão foi publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira (02).
As duas instituições pertencem ao grupo Galileo Educacional, que enfrenta uma crise financeira e já acumula mais de R$ 900 milhões em dívidas. De acordo com o despacho da Secretaria de Supervisão e Regulação do Ensino Superior (SERES), a medida foi tomada em face do descumprimento de compromissos trabalhistas assumidos pela mantenedora, como pagamento de salários atrasados de docentes e funcionários administrativos.
A suspensão vale também para a admissão de novos alunos em seus cursos de graduação por meio de transferência ou qualquer outra forma de ingresso. O embargo também recairá sobre cursos de pós-graduação em ambas as instituições. Ainda pelo despacho, a proibição valerá até que a Galileo Educacional cumpra os compromissos.
Nesta sexta-feira, alunos da UGF que foram às aulas deram de cara na porta. Um comunicado exposto pelo campus da Piedade informava que todas as instalações estariam fechadas até este sábado (03) por conta de umas greve de funcionários administrativos, que protestam contra o atraso nos salários. Provas do final do período letivo que ocorreriam nesta sexta foram adiadas para a semana que vem.
O estudante de Medicina Rafael Collado foi um dos que não foram pegos de surpresa com o fechamento da universidade. Há mais de 15 dias, Collado ocupa a reitoria da UGF junto com outros cerca de 100 estudantes. Collado era um dos que teria prova nesta sexta:
- Soube ontem à noite do fechamento da universidade porque eu já estava dormindo aqui, mas hoje de manhã muitos colegas meus deram de cara na porta - afirmou Rafael, que diz agora temer que a direção da universidade aproveite o espaço vazio do campus para reintegrar a posse a reitoria.
Os estudantes ocuparam o local em 16 de julho, exigindo da Galileo o pagamento dos vencimentos dos professores referentes a junho deste ano, além do equivalente a um terço das férias de 2011. Após estourar dois prazos para realizar o depósito, a mantenedora ficou de fazer o pagamento nesta quarta-feira (31). Em reposta ao GLOBO, a Galileo informou que não depositou os vencimentos por conta de uma "queda significativa de arrecadação".
Por conta da crise, os estudantes também exigem que a Galileo apresente seu fluxo de caixa e que o MEC intervenha no grupo. No entanto, em reunião com os alunos, um funcionário do ministério explicou que o governo federal não poderia intervir legalmente na mantenedora, pois a crise seria de ordem financeira, e não acadêmica.
O servidor do MEC expôs ainda como seria o Termo de Ajuste de Conduta (TAC), sugerido pelo ministério na última sexta-feira (26) após uma reunião em Brasília envolvendo tanto os dirigentes da Galileo quanto representantes dos corpos docente e discente da UGF. O texto TAC deve ser redigido dentro de 15 dias e assinado por todas as partes.
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