Pesquisa mostra que EUA querem investir no Brasil

Empresários americanos mostram grande interesse em investir no Brasil no curto prazo, atraídos principalmente pelas perspectivas de crescimento do mercado interno, indica pesquisa realizada pela Câmara Americana de Comércio (Amcham) com 92 empresas dos Estados Unidos, das quais 60% ainda não têm negócios no país. Desse grupo, 65% das companhias estão dispostas a começar a operar no país nos próximos seis meses. Das empresas que já têm vínculos com o Brasil, 89% pretendem ampliar operações ou abrir um escritório no país, com 47% planejando fazê-lo já no próximo semestre.

A pesquisa da Amcham recolheu informações de empresas automobilísticas, de logística, varejo, bens de consumo, educação, petróleo e gás, tecnologia da informação e comunicações, agronegócio e transporte e turismo. As possibilidades de crescimento da economia brasileira nos próximos anos, com oportunidades de investimento em infraestrutura, atraem Brad Lurie, presidente da Bright Light Systems, que fabrica equipamentos de iluminação para aumentar a eficiência energética em portos, aeroportos e grandes fábricas. Lurie disse que pretende montar uma operação no Brasil daqui seis meses ou um ano.

O empresário ainda tem dúvidas se vai se estabelecer sozinho ou se terá um parceiro brasileiro. "O Brasil é um mercado em expansão, e a expectativa é que haverá muito investimento em infraestrutura e logística", afirmou Lurie, participante do seminário "Como fazer negócios e investir no Brasil", promovido pela Amcham, em Atlanta. Montar o negócio no Brasil e criar uma cadeia de fornecimento local lhe parece hoje a melhor opção.

Para a gerente de comércio exterior da Amcham, Camila Moura, a pesquisa indica que o crescimento mais fraco nos últimos anos não tirou o ímpeto dos empresários americanos de investir no país. "Estão olhando o potencial, não para o curto prazo", disse ela, ressaltando o interesse de investimentos americanos imediatos.

Das empresas que ainda não têm ligações com o Brasil, 37% apontam o crescimento do mercado consumidor como o principal motivo para querer investir no país, com 22% citando a importância diversificação de mercados e de depender menos da economia dos EUA. No caso das companhias que já fazem negócios no Brasil, o crescimento do mercado interno é mencionado por 50% dos entrevistados como a grande vantagem.

Diretor de operações e analista-sênior da Libreum Capital Management, Tony Martin considera normal o país ter um período de menor crescimento. "O Brasil não está imune ao ciclo de negócios." A proximidade da Copa do Mundo e da Olimpíada oferecerá oportunidades interessantes de investimento, disse ele, considerando que as obras de infraestrutura continuarão a beneficiar o país mesmo depois dos eventos.

Martin foi ao evento da Amcham para buscar mais informações sobre qual a melhor opção de investir no Brasil nesse momento: se por meio do fundo de hedge ou fundo de participação no capital (private equity) da Libreum. Para a sua empresa, é importante entender questões de regulação, taxação e da liquidez das alternativas de investimento. Otimista com as perspectivas de crescimento de longo prazo do país, Martin planeja investir no Brasil num prazo de seis meses a um ano.

Radicado em Atlanta, o presidente Advanced Global Advisers, Wilson Faure, faz consultoria para empresas americanas que pretendem atuar no Brasil. Segundo ele, os empresários dos EUA veem o crescimento do mercado interno, com a ascensão da classe média, como boa opção de negócios na área de bens de consumo, além de mostrar muito interesse no setor de infraestrutura. "A Geórgia (Estado cuja capital é Atlanta) é muito forte na área de logística, serviços e tecnologia."

Para Faure, as recentes mudanças nas regras de concessões são um ponto favorável, que podem atrair mais capital americano para o país. A taxa de retorno das concessões de rodovias e ferrovias, por exemplo, foi elevada.

Um fator que preocupa bastante os empresários dos EUA é a complexidade do sistema tributário brasileiro, destacou Faure. Na pesquisa da Amcham, a alta carga tributária aparece como o segundo maior obstáculo para fazer negócios e investir no Brasil. O peso dos impostos é mencionada por 21% das empresas que já atuam no Brasil e por 20% das que ainda não estão no país. A burocracia dos processos administrativos e aduaneiros ficou à frente como o grande problema, apontado por 33% das companhias que já atuam no país e por 27% das que não têm negócios no Brasil.

"Os empresários olham para esses problemas, mas isso não impede que queiram investir no país", diz Camila, para quem esse interesse no mercado brasileiro contribui para sustentar o elevado fluxo de investimentos estrangeiros diretos para o Brasil, que totalizam US$ 64 bilhões nos 12 meses até abril.

Conheça o curso online Negócios Internacionais