Pelo menos 110 bolsistas do programa Ciência sem Fronteiras, organizado pelo Ministério da Educação (MEC), terão que voltar ao Brasil por não terem conseguido nível de proficiência em inglês. Os estudantes estão morando no Canadá e na Austrália desde setembro de 2013 e já custaram mais de 2,6 milhões de reais aos cofres públicos — cada um deles recebeu 12.000 dólares, além de passagens aéreas e seguro saúde. Esse investimento não retornará ao país em forma de capacitação profissional e acadêmica, que seria a contrapartida do programa.
Atualmente, cerca de 12.000 universitários estão fora do Brasil pelo Ciência sem Fronteiras. Os 110 bolsistas, que já receberam o aviso para voltar, foram aprovados em edital para universidades de Portugal, aberto em 2012.
No entanto, o governo federal decidiu excluir o país do programa por causa do grande número de estudantes que já estava lá sem dominar um segundo idioma. Atualmente, 2.343 estão em Portugal, que concentra o maior número de bolsistas do programa. Assim, 3.445 universitários tiveram de escolher outro país e viajaram mesmo sem a proficiência.
De acordo com as regras do programa, mesmo sem falar o idioma, os estudantes poderiam viajar para um país estrangeiro para estudar inglês antes de ingressar na universidade.
Os bolsistas convocados para voltar reclamam que a prova de certificação foi antecipada. De acordo com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão do MEC responsável pelo programa, os prazos foram respeitados. Em nota, a pasta diz que os testes começariam a ser aplicados "a partir de fevereiro de 2014".
Há estudantes, entretanto, que afirmam ter sido convocados a fazer o exame em janeiro. Eles reclamam que o documento que receberam em setembro do ano passado dizia que os testes começariam em março ou abril.
Taís Oliveira, de 22 anos de idade, é uma das bolsistas do Canadá convocada a retornar ao país. Ela é aluna do curso de tecnologia em mineração na Universidade Federal do Pampa, no Rio Grande do Sul. "Deixei meu grupo de pesquisa numa mina, estava fazendo um trabalho de topografia que daria um 'up' no currículo. Agora, não sei calcular quanto perderia, vai ser devastador", declara.
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