A hipótese de racionamento de energia elétrica foi Tachada como “ridícula” pela presidente Dilma Rousseff há apenas duas semanas e entrou no radar do governo.
“A questão é que agora passamos a considerar algo que antes não fazia sentido pensar”, disse uma fonte da área técnica. “O nível dos reservatórios está baixando, então não podemos fechar os olhos para essa possibilidade.”
A chance de se repetir em 2013 o “apagão” de 2001 é, porém, considerada pequena tanto no governo quanto no setor privado. O risco maior é haver aumento nas tarifas. Nesse caso, o corte nas contas de luz prometido pela presidente Dilma em cadeia de rádio e TV, em setembro passado, pode ficar menor do que o originalmente estimado.
Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostram que os níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas de quase todas as Regiões do País chegaram abaixo ou muito próximo da curva de risco para geração de energia.
Conforme o consultor de energia da Federação das Indústrias do Ceará (Fiece), Jurandir Picanço, a situação é semelhante ao “apagão” de 2011. “Naquele ano, não houve chuva. Se, até abril, não chover, vamos ter racionamento.” Picanço adverte que, mesmo com reserva hídrica 20% maior, o risco não muda. “O consumo aumentou 38%. As termelétricas não serão o suficiente. Já estão todas operando”, argumenta.
Os níveis baixos não significam que haverá racionamento, mas sim que o governo terá de tomar providências. “Há outras medidas para serem adotadas pelo lado da demanda, e também o despacho de térmicas mais caras, uso de gás”, citou o presidente da Associação Brasileira de Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage), Flávio Neiva.
“O acionamento das térmicas já está atrapalhando os planos de Dilma de promover um corte médio de 20,2% nas tarifas de eletricidade”, disse Neiva.
A mesma avaliação fez o diretor executivo da Associação Brasileira das Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate), César de Barros Pinto. “Estruturalmente, esse corte é possível, mas conjunturalmente pode não ser”.
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