Publicado em: sex, 21/08/2020 - 14:41
Neste dia 21 de agosto de 2020 o mundo ainda é – desde novembro de 2019 – obrigado a conviver com a primeira pandemia do século XXI, que é a Pandemia do Covd-19. Certamente não será a última, pois, como registra a história, pandemias acompanham a humanidade há séculos.
Desde o que pode ser considerado o primeiro registro de uma pandemia, a Peste de Justiniano, como ficou registrada, ocorreu por volta do ano de 541. Teve início no Egito e atingiu a capital do Império Bizantino. Hoje sabe-se que foi um surto originado da peste bubônica, que é transmitida por pulgas em ratos contaminados. As estimativas (não precisas) dão conta de que o número de mortes girou entre 500 mil a 1 milhão. Outro fato histórico impreciso dá conta de que pode ter durado mais de 200 anos.
Ainda na Idade Média, por vota de 1343, outra pandemia atingiu os continentes da Ásia e Europa. Era a temida Peste Negra, que viria a atingir o que hoje denominamos de “platô”, por volta de 1353, tendo dizimado (novamente, por óbvio, a história não tem como precisar, tendo em vista a precariedade dos registros) entre 70 a 200 milhões de vidas.
Um fato importante e curioso sobre a Peste Negra está ligado ao início do que a humanidade passaria a tratar como Guerra Biológica. A história registra que os guerreiros Mongóis, liderados por Genghis Khan, atacaram a cidade de Caffa, até então protegida por sua invicta muralha, catapultando cadáveres de soldados mortos – em adiantado estágio de decomposição – por sobre os muros, para dentro da cidadela. Esse foi o ponto de virada daquela guerra.
Rapidamente esses corpos putrefatos, que literalmente caiam do céu sobre as cabeças dos residentes de Caffa contaminaram a maioria de seus habitantes. Os poucos sobreviventes que conseguiram fugir acabaram disseminando ainda mais a doença, por todo o continente europeu.
A história registra ainda que, durante a Peste Negra, Veneza passou a adotar o que chamamos hoje de quarentena, isolando os doentes e suspeitos para evitar a disseminação da doença. A ideia foi inspirada no Velho Testamento, que conta como os surtos de hanseníase eram tratados na antiguidade.
Pouco tempo depois, o episódio denominado Gripe Russa, alastrou-se pela Ásia, Europa, África e América. A Gripe Russa foi a primeira pandemia a ser cientificamente detalhada, identificando a área demarcada como marco inicial no Império Russo até atingir o Rio de Janeiro. Essa manifestação de um subtipo de Influenza A levou a óbito mais de 1 milhão de pessoas.
A Gripe Espanhola foi um surto de H1N1. Foi a mais recente pandemia nas dimensões da que enfrentamos agora. É claro que o índice de letalidade foi inimaginavelmente superior, até por conta do que se sabia – até aquele momento – sobre a forma de contágio e sobre drogas e intervenções para recuperar os infectados. Tendo início coincidente com o final da 1ª Grande Guerra, a Gripe Espanhola na verdade teve origem nos EUA. Só ganhou este nome porque à época a Espanha era um país neutro na guerra e foi o primeiro a notificar o surto.
A Gripe Espanhola – estima-se – matou entre 20 a 50 milhões de pessoas em todo o mundo. Além de idosos e pacientes com baixa imunidade, quase eliminou populações indígenas inteiras nos Estados Unidos.
No Brasil, a Gripe Espanhola – conforme apontam historiadores – chegou pelos portos de Recife, Salvador e do Rio de Janeiro, quando passageiros de navios como o britânico Demerara, vindo de Lisboa, desembarcaram infectados nessas capitais em setembro de 1918. Neste mesmo mês de setembro, militares que atuaram em Dakar e estavam doentes, desembarcaram – também – na capital pernambucana. A partir daí, outras cidades do Nordeste e até em São Paulo registraram outros casos da doença.
Logo após a última pandemia, os avanços da Ciência – e em particular da Medicina – permitiram que se criassem protocolos de prevenção e controle de infecções na área da saúde. Antes disso, os conhecimentos incipientes não foram capazes de proteger vidas como é possível atualmente.
Hoje a atuação de profissionais – por exemplo – como o enfermeiro pode ser um divisor de águas no combate à infecção hospitalar. Tanto que em termos de infecção hospitalar, a prevenção e controle pelo profissional de enfermagem é um dos pilares de funcionamento dos CCIH’s – Centros de Controle de Infecção Hospitalar no Brasil.
Outra área que requer atenção quanto à infecção hospitalar é a gestão de mídia e comunicação na área de saúde, que pode ser responsável por aumentar ou reduzir a velocidade do contágio e, consequentemente, do número de óbitos. Em todas as guerras (e a pandemia é algo equivalente), a batalha da comunicação é uma das que requer extrema atenção.
Enfim... Nossa esperança é que o mundo saia dessa pandemia, melhor do que entrou. Que passemos a dar mais valor às coisas que realmente importam na vida. Que a natureza passe a receber mais atenção, já que o desequilíbrio de biomas – certamente – é um dos fatores de desencadeamento de surtos que podem resultar em pandemias.
Vamos nos manter unidos e procurando ajudar o próximo. Vamos atravessar essa fase difícil e nos reinventarmos em seres humanos mais atenciosos ao ambiente que nos cerca.
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Prof. Dr. Juracy Soares
É professor fundador da Unieducar. É fundador e Editor Chefe da Revista Científica Semana Acadêmica.
Graduado em Direito e Contábeis; Especialista em Auditoria, Mestre em Controladoria e Doutor em Direito; Possui Certificação em Docência do Ensino Superior; É pesquisador em EaD/E-Learning; Autor do livro Enrqueça Dormindo.