Ministro da Educação: Universidade deve ser “para poucos”

Williane Marques de Sousa
Publicado em: qua, 11/08/2021 - 14:09

Hoje, dia 11 de agosto, é comemorado o Dia do Estudante. A data faz referência a um acontecimento muito importante ocorrido no ano de 1827: a criação dos dois primeiros cursos de ciências jurídicas e sociais do país, instituídos pelo imperador D. Pedro I. Até os dias atuais, essa data serve para parabenizar os estudantes pelo seu empenho na busca por educação, conhecimento e melhores condições de vida, através dos estudos.

Existem os estudantes da educação básica (ensino fundamental e médio), os estudantes de nível superior, os que estudam para passar em concurso público e os estudantes técnicos, nos institutos federais. Todos estes estão buscando conhecimento e qualificações para se destacarem no mercado de trabalho, que está cada vez mais exigente. Alguns desses estudantes, já possuem um ótimo emprego, mas continuam estudando simplesmente pelo prazer de aprender ou para evoluir ainda mais no seu trabalho.

Curso Direitos Fundamentais

Sobre este assunto, uma notícia chamou a atenção de muitos: em uma entrevista à TV Brasil, Milton Ribeiro, o atual Ministro da Educação, afirma que as 'vedetes' do futuro serão os institutos federais, capazes de formar técnicos. Segundo ele, as Universidades não são tão úteis à sociedade e, por isso, são para poucos.

“Vedetes”, neste caso, quer dizer o principal, o protagonista.  Portanto, o Ministro quis dizer que os técnicos, ou seja, aqueles profissionais com o ensino médio completo e um curso técnico, serão o grande destaque no mercado futuro. Com isso, ele enfatizou a importância dos institutos federais e até aí tudo bem. A infelicidade da sua fala surge quando ele menospreza as universidades, afirmando que elas não seriam tão úteis para a sociedade.

Para comprovar o seu posicionamento, o Ministro fez uma comparação com os indivíduos que já se formaram em curso de nível superior, mas não conseguiram trabalho na respectiva área de atuação e acabaram trabalhando de Uber:

"Tenho muito engenheiro ou advogado dirigindo Uber porque não consegue colocação devida. Se fosse um técnico de informática, conseguiria emprego, porque tem uma demanda muito grande".

Porém, casos como esses não diminuem a importância da realização de um curso superior.

Curso Direitos e Garantias Fundamentais na CF/88

O mercado de trabalho está cada vez mais evoluído e exigente. Antigamente, o requisito mínimo para ser admitido numa empresa era ter o ensino médio concluído, mas hoje muitas empresas exigem um curso de nível superior na área da vaga requisitada. Isso faz com que os indivíduos com a formação superior se destaquem e fiquem na frente dos seus concorrentes.

Além disso, o nível superior qualifica o indivíduo e permite que ele tenha à sua disposição uma diversidade de áreas na qual ele pode escolher trabalhar. O curso de Direito, por exemplo, oferece várias carreiras, tais como: advogado, defensor público, promotor, delegado, juiz, e por aí vai. Tais profissões são muito importantes para a sociedade no tocante a busca pela efetivação da justiça e cumprimento dos direitos. E o que seria de nós sem os médicos, psicólogos, engenheiros, professores?! Profissões importantíssimas que só são bem exercidas com a qualificação de nível superior.

Para quem deseja ser “seu próprio patrão”, a realização de um curso superior também é muito importante, pois ficará mais fácil abrir o seu próprio negócio e ser bem sucedido, se destacando pela sua formação e os seus conhecimentos adquiridos. Com o sucesso, vem a expansão da empresa, o que implica na necessidade de mais colaboradores, criando mais oportunidades de emprego para a sociedade.

Curso Direito Constitucional – Direitos Fundamentais e Direitos Humanos

Ainda sobre a entrevista do Ministro da Educação, outro tema abordado foi destaque: a questão das cotas em instituição de ensino superior. Milton Ribeiro afirmou que "a crítica que havia no passado, de que só 'filhinho de papai' estuda em universidade pública, se descontrói com essa lei (lei de cotas)".

"Pelo menos nas federais, 50% das vagas são direcionadas para cotas. Mas os outros 50% são de alunos preparados, que não trabalham durante o dia e podem fazer cursinho. Considero justo, porque são os pais dos 'filhinhos de papai' que pagam impostos e sustentam a universidade pública. Não podem ser penalizados”, disse o Ministro.

Na realidade, as cotas se constituem como uma maneira justa de democratizar oportunidades para aqueles que foram inferiorizados durante muito tempo e que sofrem com a discriminação e a desigualdade social. Grande parte dos estudantes mais pobres não possui o luxo de só ter que estudar, precisam trabalhar e ajudar a sustentar sua família. Além disso, não são apenas os pais dos “filhinhos de papai” que pagam os impostos, os pais dos pobres também pagam e ainda sofrem muito mais com isso.

Caso tenha interesse em se aprofundar na questão das cotas sociais e raciais, leia o artigo A importância das cotas sociais e raciais no Brasil.

Mediante o exposto, percebe-se que a qualificação no ensino superior tem sim a sua importância, tanto para o indivíduo como para a sociedade em geral. Por ser algo que qualifica o indivíduo e lhe coloca em lugar de destaque no mercado de trabalho, a graduação em nível superior é um direito de todos. Graças ao sistema de cotas, a graduação está se tornando a realização de um sonho de muitos jovens pobres, os levando a obter um bom emprego e os ajudando a sair da margem da sociedade. Universidade não é para poucos, mas sim, um direito de todos.

Williane Marques de Sousa
Estudante de Direito – Estagiária Unieducar

REFERÊNCIAS:
https://g1.globo.com/google/amp/educacao/noticia/2021/08/10/ministro-da-...

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