Publicado em: seg, 30/11/2020 - 09:51
O jornal inglês The Guardian publicou matéria nesta semana com o título:
“Revelado: Supermercado do Reino Unido e rede de fast food
de frango vinculados ao desmatamento no Brasil”.
Na matéria, o periódico aponta para o fato de que redes de supermercados e lojas de fast food estão comercializando alimentos à base de aves alimentadas com soja plantada em áreas desmatadas após incêndios florestais e pelo menos 800 quilômetros quadrados de derrubada de árvores no Cerrado brasileiro. O jornal aponta ainda que essa matéria tem como base uma investigação transfronteiriça conjunta.
O The Guardian relata que as lojas de franquias de fast food Tesco, Lidl, Asda, McDonald's, Nando's e outras redes da indústria alimentícia importam – do Brasil – proteína oriunda de aves que consomem ração produzida com soja plantada pela Cargill, que ocupa o segundo lugar no ranking das maiores corporações americanas. Ainda de acordo com a matéria, o Cerrado se constitui num bioma que contribui para o equilíbrio no clima global, ao agir capturando carbono e hospedando uma enorme variedade de fauna e flora.
A extensa matéria alerta sobre a necessidade de que o consumidor final desses produtos seja melhor informado acerca da origem do que consome, a exemplo desses alimentos. A constatação é de que a maior parte desse público – se soubesse que o pedaço de frango que consome em seu lanche – está vinculado a uma cadeia de produção agrícola que contribui para a destruição de mata nativa, talvez adotasse uma postura mais responsável junto à cadeia, exigindo uma modalidade de produção ambientalmente sustentável.
CURSO DIREITO APLICADO AO AGRONEGÓCIO
A REALIDADE POR LÁ, NO REINO UNIDO. Na mesma matéria, o jornal aponta que a indústria de proteína animal no Reino Unido é responsável pelo abate de aproximadamente um bilhão de aves anualmente. Esse volume corresponde a quinze frangos por habitante. E o interessante é que – ainda conforme a reportagem – as aves do país acabam – também – consumindo a soja proveniente da mesma Cagill, abastecida com grãos provenientes do agronegócio brasileiro, especialmente baseados no Cerrado.
O CERRADO BRASILEIRO. No Brasil, o Cerrado se constitui em um Bioma único, constituído por uma savana tropical predominantemente lenhosa. Esse habitat acaba se estendendo por uma área equivalente à soma de países como a Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália e Espanha, juntos.
O Cerrado se constitui no segundo maior Bioma da América do Sul, ocupando área total superior a dois milhões de quilômetros quadrados. É quase a metade da área da Amazônia brasileira, que tem cerca de 5,5km2. O Cerrado ocorre nos seguintes estados brasileiros: Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, possuindo ainda ocorrências denominadas “encraves”, nos estados do Amapá, Roraima e Amazonas.
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A LOGÍSTICA QUE LEVA A PRODUÇÃO DO BRASIL AO REUNO UNIDO. A matéria do The Guardian ainda detalha a Logística que suporta a importação – pela gigante Cargill – de mais de um milhão e meio de toneladas de grãos de soja provenientes do Brasil, com destino ao Reino Unido, num período que vai de 2014 até o mês de agosto de 2020.
É interessante atentarmos para o fato de que a investigação contou com a colaboração do Bureau of Investigative Journalism, do Greenpeace Unearthed, do ITV News e do Guardian. Esse tipo de levantamento cada vez chama mais atenção para a relevância de que temas como Meio Ambiente e Sustentabilidade começam a direcionar atitudes de consumidores mais conscientes e que passam a cobrar das empresas fornecedoras, atitudes ambientalmente responsáveis.
Essa investigação aponta que - das exportações realizadas pela Cargill no Brasil com destino ao Reino Unido – quase metade provêm do Bioma Cerrado brasileiro. Ainda com base no que a investigação acima citada aponta, a Cargill compra grãos de soja de oriundos de diversos plantadores baseados no Cerrado, sendo que pelo menos nove desses fornecedores estão vinculados a episódios de desmatamento recentemente revelados.
O QUE AS REDES ENVOLVIDAS DECLARAM. Conforme a reportagem do The Guardian, as redes de fast food McDonald’s e Nando’s, além das redes de supermercadistas citadas, declararam – expressa e publicamente - apoio à formatação de uma solução que envolva algum tipo de ação similar à moratória na Amazônia, com o objetivo de barrar ações de deflorestamento com fins de aproveitamento de terras agriculturáveis no Cerrado brasileiro. Contudo, a posição brasileira sobre o tema indica que a materialização está longe de ocorrer.
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Prof. Juracy Soares