O que eu faço para não enlouquecer na pandemia

Juracy Braga Soares Junior
Publicado em: dom, 14/03/2021 - 16:04

Não sou nem tenho qualquer tipo de conhecimento em Psicologia. Esse post tampouco é um aconselhamento. Nem poderia ser. Longe disso. Aqui vou compartilhar algumas de minhas atitudes e atividades que desenvolvi e venho desenvolvendo desde março de 2020, quando ficamos – todos nós – frente a frente com esse desastre global.

Quem me conhece sabe que sou muito ativo e irrequieto. Acordo há mais de vinte anos por volta das 4:30 para fazer atividades físicas regularmente. Pratico amadoristicamente bike, kitesurfing, skate, e natação no mar. Diariamente, pelo menos cinco vezes por semana, faço musculação em academia. Gosto de fazer caminhadas pelo menos uma vez por semana.

Tenho uma forte ligação com o mar. Desde criança – ainda morando em Recife, quando estudava à tarde – ia diariamente à praia, das 7:00 às 11:00, quando voltava duas quadras para, em casa, tomar banho, almoçar, vestir a farda, pegar a bike e ir pedalando para o colégio. Por isso mesmo, ficar trancado em casa foi para mim uma condição dura de privação.

Aqui uma nota importante! Tenho absoluta convicção de minha situação privilegiada por ter nascido em uma família de classe média; não ser negro (embora não seja branco); ter tido acesso a muito; mas muitíssimo mais coisas de que milhões de brasileiros. Então, essas linhas são escritas aqui sem o menor sentimento de petulância ou de superioridade. Posso imaginar as privações a que milhões de brasileiros são submetidos diariamente, que fariam esse meu desconforto virar pó. Quando afirmo que posso imaginar, é porque em um dos projetos sociais que apoiamos, tenho a oportunidade de me aproximar (mesmo que superficialmente) da dura realidade que é a vida em comunidades pobres no Brasil.

Feitas essas considerações, vamos ao tema que me motivou a partir para esses rabiscos: O que faço para não enlouquecer na pandemia. O que podemos ou devemos fazer para amenizar os dias em que ficamos privados de interações com familiares, colegas.... enfim, de tudo o que estávamos acostumados (nossa rotina) antes da pandemia e dessa sequência de lockdowns que parece interminável. Para os que são da minha idade, às vezes parece até que estamos em um episódio de Caverna do Dragão!

Vamos lá!?

VALORIZE MAIS O TEMPO EM FAMÍLIA
Em primeiro lugar passei a dar mais valor ao tempo em que passo com minha família. Me pego admirando minha esposa e minhas filhas, que instituíram o ‘café das 15:30’. Todos os dias as três se reúnem na cozinha para tomar café, comer tapioca e conversar bobagens. Pensando sobre isso eu passei a perceber que esses momentos são únicos. São efêmeros também. Por isso mesmo, acho uma boa decisão apreciarmos esses instantes, que antes não eram valorizados ou sequer praticados, devido à correria do dia-a-dia. Aproveite, portanto, cada momento com sua família. Beije e abrace seu cônjuge, filhos e pais.

SEJA GRATO
Esse traço da personalidade humana precisa ser constantemente reforçado. Reafirme em pensamento e em viva voz sua gratidão pelo fato de estar vivo e com saúde. Agradeça por ter – sob a sua cabeça – um teto. Agradeça por ter roupas, cama, comida...
As pessoas mais felizes são as que exercitam diariamente a gratidão.
Se puder, ligue para um ex-professor; ex-chefe ou colega de trabalho que tenha lhe ajudado de alguma forma no passado.
Agradeça enquanto você pode. Minha avó materna sempre repetia para todos ao seu redor: ‘quem quiser me fazer homenagens, que o faça em vida!’
Antes de se alimentar, convide a família para – reunidos à mesa – realizarem um breve agradecimento. Agradeça pelo simples fato de ter o que comer. Lembre-se que há milhões que gostariam muito de estar em seu lugar.

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ELIMINE O RANCOR E A RECLAMAÇÃO
Na outra ponta, procure fazer uma faxina completa em seu espírito. Faça um esforço para perdoar aqueles que lhe fizeram algum mal. Não pense em reclamar. Ponha-se no lugar dos que estão sentados em cadeiras à espera de um leito, às portas dos hospitais. Lembre dos profissionais de Saúde que estão na linha de frente e que estão há meses sem abraçar seus filhos e pais.

PEÇA AJUDA
Em caso de urgência ou emergência, não hesite em pedir ajuda! Seja no campo espiritual ou material. Tem horas que a melhor saída é pedirmos ajuda. Se você for orgulhoso, faça um exercício de humildade. Certamente você se surpreenderá com a bondade de pessoas que você sequer conhece.

AJUDE QUEM PRECISA MAIS QUE VOCÊ
Engaje-se em algum projeto de ajuda a comunidades carentes. Essa dica é fundamental e talvez possa transformar – para sempre a sua vida – ao lhe proporcionar um novo ângulo de visão sobre a vida e as necessidades de milhões de pessoas que tem uma infinitésima fração do que você tem. Você perceberá que há milhões de pessoas que não têm um sabonete para lavar as mãos ou o corpo. Você verá que escova e pasta de dentes são itens de luxo para essas pessoas, que não sabem quando ou se vão ter o que comer amanhã.

ESTUDE
Minha mãe sempre repetia para mim, quando criança que o estudo é um esforço que não se perde. Ela sempre me lembrava que o esforço aplicado na direção do estudo sempre haveria que gerar recompensa.
Hoje é muitíssimo mais fácil estudar do que quando eu tinha 16 anos. Se antes tínhamos que comprar livros ou ir às bibliotecas para pegar exemplares emprestados, hoje conseguimos ler os mais variados livros, revistas, jornais, artigos, dissertações e teses diretamente no celular (e sem ter que pagar absolutamente nada por isso).
A desculpa da falta de tempo também não cola. Se você tem tempo para acompanhar o BBB, então tem muito tempo para estudar.
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ESCREVA
Para mim, a escrita tem sido uma terapia que acalma e recompensa minha alma. O exercício diário de colocar no papel (ou na tela) algumas ideias sobre os mais variados assuntos, foi para mim um reencontro. Eu sempre gostei muito de ler e escrever. Acontece que, com a pandemia, passei a me dedicar mais a essas duas atividades que refrigeram meu ser. Agora mesmo, enquanto rascunho essas ideias, exercito isso pensando no fato de que isso pode ser útil a alguma pessoa. Tem até uma frase que li recentemente que é mais ou menos assim: ‘você jamais saberá quantas vidas impactou. Mas elas saberão’.

DÊ O MELHOR DE SI NO TRABALHO
Trabalhe com o sentimento de gratidão por ter uma profissão e carreira que requerem seu esforço e dedicação. Pense nas pessoas que dependem de sua atuação profissional. Entregue o seu melhor, pois eles não esperam de você menos que isso.
Reconheça em sua atividade profissional um ato de grandeza que é o de entregar produtos, serviços, benefícios e soluções àqueles que demandam sua expertise profissional.
Atente que você sempre trabalha para alguém. Essas pessoas esperam receber de você o melhor resultado de sua atividade profissional. Por outro lado, você sempre trabalha para você mesmo, ainda que seja empregado. Perceba que o mercado está de olho em você, para o bem e para o mal. Isso significa que quanto mais você se aplica; quanto mais excelência entrega, mais será valorizado e requisitado. O contrário é também igualmente válido.
Honre a oportunidade de exercer uma profissão. Isso é uma dádiva que deve ser reconhecida como tal. A simples percepção dessa dimensão será capaz de gerar ainda mais sentimento de utilidade e gratidão em você.

EXERCITE O ATO DE OUVIR
Aproveite momentos em casa e exercite o ato de ouvir. Ouça mais seu cônjuge, seus filhos, e pais.

VIRE UM MASTERCHEF OU PELO MENOS UM ‘MOLHEIRO’
Taí uma excelente oportunidade para aprender ou aprimorar seus dotes na cozinha. Aventure-se a ser um ‘MasterChef’. Lembra daquele ‘molho de pimenta’ que você costuma fazer e que é elogiado por todos? Será que aí não está uma oportunidade de negócios?
Dias atrás ouvi uma matéria no rádio sobre um músico que – com a pandemia – ficou em sérias dificuldades financeiras, já que os restaurantes e casas noturnas que se apresentava, foram obrigados a suspender atividades.
Ele já havia até decidido vender os instrumentos musicais para comprar mantimentos quando sua esposa interveio e sugeriu que – em vez de se desfazer desses – tentasse vender alguns de seus molhos de pimenta. Ele mesmo sem acreditar, decidiu apostar, já que o investimento era ínfimo. E não é que ele agora é ‘molheiro’ em tempo integral?
Quer uma dica sobre como montar seu primeiro negócio? Deixo aqui a sugestão para o curso:

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APRENDA A TOCAR
Lembra daquele instrumento que você prometeu aprender a tocar? É! Aquele violão que você comprou e tá lá embaladinho sobre o armário de seu quarto! Chegou a hora! Baixe um App para afinar as cordas (é 100% intuitivo) e acesse as aulas online que estão disponíveis gratuitamente no YouTube! Só tome cuidado para fazer isso em horários que não perturbem seus vizinhos.

NÃO PARE, NÃO PARE, NÃO PARE, NÃO PARE...
Mantenha-se ativo, mesmo que não possa sair de casa. Procure na web por maneiras de usar espaços em sua casa ou condomínio para estabelecer uma nova rotina e ritmo para sua atividade física diária. Aproveite para levar o ‘Rex’ para comprar o pão no supermercado e transforme essa ‘viagem’ em mais uma oportunidade prazerosa para descobrir lugares que você passava todo dia de carro e não prestava atenção nas calçadas, portões e casas. Olhe como o que está à sua volta é bonito! Na volta, aproveite para subir as escadas até seu apartamento em vez de usar o elevador.

FAÇA PAUSAS E RESERVE O FDS
Um dos riscos do home-office é a sobrecarga de trabalho. Logo que tivemos o primeiro lockdown em março de 2020, eu me peguei às 20h trabalhando direto. A partir daí passei a usar o despertador para me lembrar das pausas.
Nem pense em extrapolar o horário do expediente em casa, nem no final de semana.
Tem uma frase que é mais ou menos assim: nenhum sucesso no trabalho justifica o fracasso no lar.
O problema agora é que o trabalho e o lar se misturam. E isso requer de nós mais atenção e vigilância para separar uma coisa da outra.

PONHA O ‘JOGAR CONVERSA FORA’ NO MODO ‘ON’
Essa foto que ilustra este artigo é um registro de uma de minhas idas ao país vizinho de nossos Hermanos. Essa escultura é parte de um conjunto de obras que homenageiam artistas argentinos. Essa escultura em particular refere-se a Borges e Álvarez, dois personagens humoristas da TV nos anos 1980.
Pois bem, essa última dica é crucial. Reserve um tempo para conversar bobagens com familiares e colegas. Se não pode fazer pessoalmente, faça uma ligação!

Bom, essas são minhas humildes contribuições em formato de dicas. Espero que lhe sejam úteis. Se você gostou, compartilhe com amigos e familiares. Se tiver alguma sugestão de assuntos que gostaria de ver publicado aqui no Blog Unieducar, ou se você mesmo quiser enviar um artigo de opinião, mande para a gente!

Prof. Dr. Juracy Soares
É professor universitário, fundador da Unieducar. É fundador e Editor Chefe da Revista Científica Semana Acadêmica. Graduado em Direito e Contábeis; Especialista em Auditoria, Mestre em Controladoria e Doutor em Direito; Possui Certificação em Docência do Ensino Superior; É pesquisador em EaD/E-Learning; Autor do livro Enrqueça Dormindo.

Nota do editor: os textos, fotos, vídeos, tabelas e outros materiais iconográficos publicados no espaço “opinião” não refletem necessariamente nosso pensamento, sendo de total responsabilidade do(s) autor(es) as informações, juízos de valor e conceitos divulgados.