Publicado em: dom, 15/11/2020 - 07:48
A frase no topo da capa: “Atenção! Não leia este livro a não ser que queira largar seu emprego” me chamou tanto a atenção que tive que comprar o livro em uma banca de revistas em um aeroporto. Eu definitivamente não queria à época mudar de emprego, mas confesso que o título e essa frase me impulsionaram a ver o que havia de conteúdo.
E desde que eu li o “Trabalhe 4 Horas por Semana” (The 4-Hour WorkWeek), do Timothy “Tim” Ferriss, posso dizer que minha vida mudou (na verdade eu digo isso sobre praticamente todos os livros top que já li). Na contracapa, dentre outras, uma frase que parecia antever o que se desenrolaria quase quinze anos depois de quando foi escrito: “Quais são os segredos gerenciais dos CEOs que trabalham a distância”.
A edição que tenho até hoje é a da tradução original de 2007. Confesso que não li a última edição de 2017. É preciso então que o leitor entenda que o contexto no qual foi escrito era completamente diferente do que vivemos hoje e – obviamente – algumas sacadas e soluções que o autor entrega já não operam mais na mesma modelagem, embora sejam 100% válidas com o uso das ferramentas atualizadas.
Aqui vale uma advertência aos interessados. O Tim Ferris é um cara completamente fora da curva. Ele consegue fazer coisas inimagináveis quebrando (no bom sentido) regras, em áreas que seriam inatingíveis para a maioria das pessoas comuns. Por isso mesmo, muitos dos “conselhos” que ele dá, você certamente duvidará ou achará inaplicáveis. Pode ser (certamente serão). Mas o que é legal neste livro é que algumas sacadas são simplesmente geniais e você pode perfeitamente implementá-las.
Os dois capítulos que mais me chamaram a atenção na obra são os de número 12 – intitulado “Ato de Desaparecimento” e o meu preferido: 14 – “Miniaposentadorias”, que é sobre o qual escrevo nesse breve post para o Blog Unieducar.
Mas há também muitos outros capítulos com dicas fantásticas no livro, como por exemplo, três capítulos inteiros sobre como colocar as “Receitas no Piloto Automático” e outros como “Regras que mudam regras”; “O fim do gerenciamento do tempo”; “Dieta pobre em informações”; e “Interrompendo as interrupções e a arte da recusa”.
Antes de adentrarmos na análise do conceito das “Miniaposentadorias”, sou forçado a explicar mais um pequeno detalhe que havia esquecido e que é fundamental para o entendimento da mensagem primária que o autor se propõe a dar em sua obra. O Tim Ferriss – nesse livro – quer entregar um manual prático para que você passe do modelo normal de trabalho geograficamente fixo para um outro no qual você cria as condições para trabalhar remotamente, de qualquer lugar do mundo, reduzindo drasticamente a quantidade de horas aplicadas em tarefas burocráticas que podem (devem) ser terceirizadas (sim, há um capítulo intitulado “Terceirizando a vida”), ao mesmo tempo em que multiplica sua receita.
A fórmula que o autor cria é algo como: Miniaposentadorias = RT + RA + AR + TR + TA + Mob, onde:
RT = Redução de Trabalho; RA = Receitas Automatizadas; AR = Aumento de Receitas; TR = Trabalho Remoto; e Mob = Mobilidade (viva onde quiser, de preferência onde a moeda pela qual você é remunerado tenha valor cambial superior ao da moeda do local onde decidiu viver).
Bom, agora vamos ao resumo do capítulo sobre o qual nos dispusemos a conversar, intitulado “Miniaposentadorias”.
Logo na 2ª página do capítulo, o autor nos brinda com uma história verossímil de um empresário americano que – forçado pelo médico a tirar alguns dias de folga – viaja para uma pequena vila de pescadores no México. E já no segundo dia de sua estada no vilarejo, o executivo, ao passear pela praia, encontra um pescador e tenta lhe “ensinar” algo sobre vida, negócios e “aposentadoria”, quando percebe que tudo o que aprendeu em sua vida não chega aos pés da sabedoria daquele simples morador de um pequeno e isolado vilarejo.
Por todo o livro – e especialmente neste capítulo – o autor nos ensina que muitos de nós assumimos a sublimação de conquistas como algo reservado aos que mais sacrificam sua vida, família e bem-estar, quando na verdade aquele “objeto” de desejo está muito mais acessível do que jamais se poderia imaginar. A narrativa que Ferriss dá à sua obra é simples, objetiva e extremamente acessível. E é de uma clareza solar, mesmo para os mais céticos (Ah! O primeiro capítulo do livro tem como título: “FAQ – Leiam isso, céticos”).
O mais interessante é que as dicas vêm em forma de guias práticos, que são destrinçadas ao longo da história muito gostosa de se ler. Por exemplo, quando compara um desejo de viajar para uma determinada ilha tailandesa (razão pela qual muitos se matam de trabalhar por anos a fio) a destinos igualmente paradisíacos e muito mais acessíveis do ponto de vista financeiro.
A partir daí, em mais de quatorze páginas, Tim Ferriss mostra o quanto pesquisou para escrever o seu livro. Nessa parte do livro ele ensina desde como economizar na compra de passagens aéreas com até 80% de desconto até como organizar suas receitas para suas viagens em busca da materialização de suas miniaposentadorias.
Se você está se sentido deprimido(a), sem ânimo e até mesmo com sintomas próximos de síndrome do pânico e elevado nível de stress, como a síndrome de Burnout, então recomendo firmemente que você – ao terminar de ler este post – acesse o site de e-commerce de sua preferência e adquira o “Trabalhe 4 Horas por Semana” (The 4-Hour WorkWeek), do Timothy “Tim” Ferriss. Pode ser o edição 2007 (usado, que você encontra em sebos virtuais) ou a última que achei na Amazon, de 2017.
Uma das dicas que considero excepcionais é a de “alternativa às viagens aceleradas”, onde ele afirma que “visitar 10 países em 14 dias... é como levar um cachorro faminto para um bufê à vontade. Ele vai comer até morrer”.
Ao invés disso, ele argumenta que o ideal é fazer exatamente o oposto. Daí o conceito das “miniaposentadorias” que demandariam estadas de três a seis meses – de lugar para lugar – antes de voltar para casa ou mudar novamente para outro destino.
Aqui vale mais um lembrete importante: Eu comecei a falar desse capítulo especificamente porque já li todo o livro. Mas não recomendo que você – ao ter a obra em mãos – vá direto ao capítulo 14, por mais tentador que pareça a escapada. Isso porque o livro se constitui em um guia prático que deve ser consumido e entendido desde o primeiro conselho. Cada ideia, conceito e crítica, são – efetivamente – como pré-requisitos para os seguintes, sem o qual o seu entendimento fica prejudicado, fora do contexto.
Aos que estão agora associando as miniaposentadorias ao “ano sabático”, o autor faz um aviso, indicando que as miniaposentadorias se diferenciam desse evento sabático por se constituírem em um estilo de vida, que devem ser degustadas mais de uma vez por ano (ele mesmo confessa que faz as miniaposentadorias entre três a quatro vezes por ano, o que indica que cada um desses períodos dura entre três a quatro meses, diferentemente de sua sugestão original que é de três a seis meses).
Aos que perseguem o dinheiro como desculpa para usufruir o que a vida tem de melhor, Tim faz um alerta afirmando que é a armadilha mais comum para os que pensam assim. É cmonum ser aprisionado nas “agrugas da peleja diária”, em um círculo vicioso de trabalho sem se dar conta de que a vida está passando sem que você aproveite o que de melhor pode (deve) ser usufruído.
Em uma de suas “notas de rodapé” o brilhante autor escreve:
“Em todos os sentidos, vá em frente e faça uma viagem de celebração da era pós-escritório, pire por algumas semanas. Eu sei, eu fiz. Faça também. Ibiza, lá vou eu. Beba um pouco de absinto e muita água. Depois disso, sente-se e planeje uma miniaposentadoria.”
E de forma bastante didática o autor desmonta a ilusão de pessoas que sonham em ter casas de veraneio ao citar um caso de um multimilionário que possui uma coleção de belas casas, todas com cozinheiros, faxineiros e empregados de apoio trabalhando em tempo integral. Ao perguntar a esse bilionário como ele se sentia com essa “conquista”, ouviu dele a seguinte frase:
“É um chute no saco! É como se estivesse trabalhando para seus empregados, que passam mais tempo na sua casa do que você.”
Entendeu um pouco da lógica que está por trás do livro do Tim Ferriss? Então não vou mais ficar dando spoiler por aqui. Reforço a recomendação para que você se liberte de alguns conceitos e consequentemente frustrações a partir da leitura desse livro fantástico.
Para finalizar esse post, vou citar uma frase desse capítulo que o autor usa para ilustrar a história de uma personagem que descobriu uma grave doença e estava então ávido para usufruir seus últimos dias de vida:
“... O maior risco na vida não é cometer erros, mas arrepender-se: perder oportunidades.”
Espero que você tenha gostado desse post. Desejo a você uma ótima semana e excepcionais miniaposentadorias. Se quiser saber mais sobre o tema Direito Previdenciário e sobre Aposentadoria após a Reforma da Previdência, basta clicar nos links desse conteúdo acima indicado.
Prof. Dr. Juracy Soares – juracy.soares@unieducar.org.br. Doutor em Direito; Mestre em Controladoria; Especialista em Auditoria; Graduado em Direito e Contábeis; Certificação em Docência do Ensino Superior. É professor fundador da Unieducar. Fundador e Editor Chefe da Revista Científica Semana Acadêmica. É Pesquisador em EaD/E-Learning.